Que o vocalista do Blue October, Justin Furstenfeld, tem vários problemas pessoais não é de hoje. Mas no último disco da banda, Any Man in America, as letras das músicas incluem também - e como nunca - suas 'falhas' como pai da pequena Blue. Em Worry List, clipe que acaba de sair, é possível compreender um pouco mais disso tudo. No material, imagens da menina desde que nasceu (ela tem muita semelhança física com Justin) e a agonia do cara por saber que não foi exatamente um exemplo até agora, apesar de querer ser um porto seguro.
Essa não é a melhor faixa do disco. Mas é uma das que mais falam sobre essa dor. Worry List ainda tem espaço pra revelar a relação de Justin com a mãe da criança, um caso beeem complicado. Antes do lançamento do disco, ele revelou a imprensa o seguinte: "Minha filha acabou mudando a minha vida. Ela me inspirou a ficar sóbrio e tentar ser o melhor. Mas o problema era que eu nunca estava em casa, e então o relacionamento entre eu e a mãe dela começou a definhar. Fui para casa de uma turnê e descobri algumas coisas sobre ela", disse Furstenfeld. Já entendeu, ãh?
Grave bem esse nome se se você gosta de synth-rock BEM executado. É essa a base do som do grupo inglês Clock Opera que lança hoje o seu debut, Ways To Forget. Não é demasiada antecipação: o disco certamente já tem lugar reservado entre os melhores do ano.
Composto de puro ouro, o material pode ser ouvido na íntegra logo abaixo. Vale a pena também ver o clipe de Once And For All, que assim como o vocalista, transborda emoção. O barbudo canta com uma voz imponente, intercalando falsetes e uma grave e ainda suave voz de maneira brilhante. Clock Opera faz aquele tipo de música que é impossível ficar impassível.
Disco redondinho. Gostoso. Pra ouvir e ouvir mais uma vez e novamente. Vai te fazer dançar, chorar, rir e ficar feliz como eu por ter descoberto algo que embora não tenha nenhuma nova fórmula, usa as existentes de maneira bonita. Se é de paixão que você precisa, aqui está!
Clock Opera - Once And For All
Clock Opera - Ways To Forget
Faixas:
1. Once And For All
2. Lesson No. 7
3. 11th Hour
4. Man Made
5. Belongings
6. White Noise
7. A Piece of String
8. The Lost Buoys
9. Move To The Mountains
10. Fail Better
Clock Opera
Álbum: Ways To Forget
Ano de lançamento: 2012
Gravadora: Moshi Moshi/Island Records
Há muito mais talento e bom som na banda TV On The Radio do que os quatro discos de estúdio da banda podem evidenciar. O show que a banda fez no Lollapalooza recentemente deu uma amostra disso. E o vocalista e guitarrista Kyp Malone, com o projeto paralelo Rain Machine, veio a Porto Alegre nessa sexta para mostrar aos gaúchos com quantos dedilhados se toca uma Epiphone...
Do álbum homônimo, Malone levou ao Beco203 um show que comecou com os assobios da primeira faixa de Rain Machine. A apresentação toda mostra sua música original, repleta de provocações ao ouvido do público. São agudos em letras que podem deixar o mais romântico dos mortais desolado, mas não desamparado em um dos cinco sentidos. A voz marcante do americano faz do conjunto todo algo brilhante: é um show intimista em que o baixista Gary e o baterista Sérgio seguem na mesma sintonia.
Foram dez músicas, incluindo uma da TV On The Radio, Keep Your Heart. Uma sequência bonita, mas que por hora pode se tornar cansativa. Isoladas, as faixas são maestrais. Em conjunto acabam se reforçando para demonstrar a fórmula do projeto. O saldo? A, claro: é jazz moderno com influências de blues e solos que nem quando o plug da guitarra cai estraga o espetáculo.
Para quem ainda não conhece o som, dá o play no vídeo abaixo:
Há bandas que seguem fieis ao próprio estilo e desenvolvem a maneira como compõe de maneira magistral. Muitas vezes, ocorre certa ruptura no estilo, o que causa estranhamento entre os fãs. Muitos se vão, ganham-se outros. É o caso do Shearwater. Nascida ainda na década de 90, a banda lança o oitavo disco mostrando que mudou, sim. Marcada por faixas antes repletas de um denso instrumental, épico vocal e melodias completamente inebriantes, o grupo chega com Animal Joy, um disco em que todas as faixas podem facilmente serem tocadas em shows de arena, sem largar mão do segundo e terceiro componentes antes aí citados.
Sim, tocar em mega espaços antes também era possível. Explico: o que mudou foi que o novo material não possui mais as recorrentes faixas em que o som só ficaria perfeitamente encaixado em documentários. Animal Joy pode tranquilamente ser tocado inteiro em rádios (aquelas em que só - única e exclusivamente um estilo é tocado) sem que o ouvinte fique se perguntando se está na sintonia certa. Mas isso não significa que se tenha perdido a magia que os envolvia do 'menos popular' no cenário musical - em se tratando de estilo - que o The National, por exemplo. Longe disso.
A faixa Animal Life está aí pra provar que eles continuam fazendo uma reunião de bons elementos. You As You Were é tão tocante quanto e se não conseguir te emocionar, arrisco a dizer que não enxergas essa mudança como benéfica ou que ficaste para trás, foi um dos fãs que a banda perdeu. Destaque ainda para Insolence, que nos remota aos idos aclamados materiais anteriormente lançados. Vem pungente, impossível de ser ignorada.
São novas cadências. Talvez aquelas que o Shearwater precisava mostrar. Mais volume na guitarra, mais ritmo, mais engenharia. Ou arquitetura. Mas nunca menos. Merece muito mais que uma ouvida. Careceu de uma análise de mais de um mês pós lançamento.
Faixas:
1. Animal Life
2. Breaking The Yearlings
3. Dread Sovereign
4. You As You Were
5. Insolence
6. Immaculate
7. Open Your Houses (Basilisk)
8. Run The Banner Down
9. Pushing The River
10. Believing Makes It Easy
11. Star Of The Age
Shearwater - Animal Life
Ouça:
Shearwater
Álbum: Animal Joy
Gravadora: Sub Pop
Ano de lançamento: 2012